O que Jesus não pedia (e os cristãos pedem)

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Paulo Brabo, 17 de abril de 2015
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Uma das diferenças de postura entre o Jesus dos evangelhos e o cristianismo institucional está em que Jesus não esperava de alguém que não fosse seu seguidor que vivesse de acordo com os seus ensinamentos e critérios. Ele não pedia de alguém que não via o mundo como ele via que vivesse do modo como ele sugeria. Jesus na verdade desencorajava ativamente os que tinham pretensão a ser seus seguidores, deixando claro que viver do modo como ele estava sugerindo requer uma ousadia colossal e um esforço sobre-humano.
O cristianismo, ao contrário, espera continuamente do resto do mundo que opere a partir dos seus ensinamentos e critérios. Como se fosse legítimo – como se fosse de algum modo “cristão” – exigir de quem não vê o mundo como você vê que viva do modo que você acha importante.
A façanha está em que os cristãos exigem dos outros que operem a partir dos seus critérios (digamos, o casamento é uma instituição divina), enquanto eles mesmos não operam a partir dos critérios de Jesus (digamos, todos são culpados de inconsistência sexual; digamos, bem-aventurados os pobres, ai dos ricos; digamos, se não querem ser condenados, não condenem).

Paulo Brabo @saobrabo
Escrevo livros, faço desenhos e desenho letras. A Bacia das Almas é repositório final de ideias condenadas à reformulação eterna.

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